segunda-feira, 5 de março de 2012

Nos bastidores da política
A canoa laranja furou
Tropeçando na própria arrogância, O deputado vem, ao longo de sua carreira política, acumulando derrotas que muitas vezes passam despercebidas. Porém, em se tratando de estratégias que não sejam imediatistas, ele comete erros políticos elementares, principalmente por conta da sua prepotência.
Em nosso município está acontecendo algo parecido com o caso do 'Titanic', quando o deputado, entre correligionários, diz em alto volume: 'não é o povo quem decide a eleição em Saquarema, sou eu.' Tamanho absurdo nos remete ao fato do ‘insuperável’ transatlântico inglês, com o qual 'nem Deus podia', segundo seus próprios construtores navais. E que se transformou no maior naufrágio da história. Pois aqui também um enorme e pesado navio, abarrotado de cabos eleitorais e sub-políticos agregados e aderentes de todo tipo, tão ultrapassados quanto seu capitão de gravata, seguem de encontro ao iceberg em velocidade-cruzeiro.
Entre todos os equívocos do comandante que está no timão, o pior foi levar para bordo o seu inimigo político Dalton Borges, fato que desagradou a eleitores e simpatizantes de ambos os lados e desintegrou as duas tribos. Como se sabe, a relação entre os dois nunca foi boa e nas campanhas as insinuações e agressões verbais de baixíssimo nível foram a tônica, inclusive de caráter pessoal, chocando o eleitorado de Saquarema. Palavras essas que, sem nenhuma vergonha na cara, se transformaram pouco tempo depois em afagos, abraços e ‘lembranças carinhosas’ de quando os dois eram pós-adolescentes. Uma vergonha que o povo não perdoou.
Se Dalton não agregou em votos para o deputado, outro erro foi a volta de Zequinha Martins, a quem ofereceu até a cadeira de vice na chapa de Franciane. O fato é que o show de insegurança demonstrado só faz multiplicar a ciumeira interna entre os ansiosos aliados da situação. Depois de plantar nomes que vão de Lúcio do Posto a Rosângela, Zequinha sim, Zequinha não, Peres não, Peres sim, o parlamentar, tão atordoado quanto seus seguidores, mostra-se enfraquecido diante das grandes chances de perder o controle do município.
A mais recente grande 'pisada no tomate’ do parlamentar foi ter fingido apoiar o jovem vereador Pedro Ricardo, candidato a deputado federal nas eleições de 2010, achando que o moço ia colocar ‘uns 5 mil votinhos'. Ególatra como ele só, mais uma vez errou feio. E quando percebeu que o rapaz disparava verticalmente nas pesquisas fez de tudo para derrubá-lo, até mesmo apoiando outro candidato de fora do município, o filho do hoje seu desafeto Jorge Picciani. Tudo em vão, pois mesmo sem o aval do deputado, Pedro Ricardo emplacou 14 mil votos em Saquarema, num total de 18 mil em todo o Estado.
E foi justamente com essa linha de raciocínio egoísta e obtusa que tirou de si a possibilidade de ter o vereador como seu candidato nas próximas eleições municipais. Colocou-se numa sinuca política de bico: sem candidato convincente, ainda criou um adversário jovem, mordido e confiante para enfrentar nas urnas o seu indicado que, pelo que parece, deve ser Franciane mesmo com seus impressionantes índices de rejeição.
Mas não é que, de repente, Peres, o ex-amigo até ontem, surge das sombras para virar o ex-inimigo de hoje, voltando descaradamente ao colo do deputado.  E tome confusão no terreiro da situação. Com Peres, como fica Dalton? E nessa batida que enoja o eleitorado, hoje ávido por uma nova mentalidade na política, lá vão eles, os mesmos de sempre, para outra eleição municipal, sem perceber que a fila andou. E vai ficando cada vez mais clara a falta de condições para que um nome da situação decole até abril, já que não há ninguém no cenário, a não ser o povo, que tenha poder para mudar o quadro.
Vale a reflexão: de tanto cultivar o ego, e o poder, o deputado esqueceu de preparar um sucessor. Hoje, desgastado pelo estilo abusado no exercício da função, e tomado por uma soberba de construtor naval inglês, o seu Titanic já tem dia e hora marcados para afundar.
Abandonando o ninho
Como estava mais que previsto, Peres não resistiu à tentação e se dobrou aos interesses do deputado. É verdade que soube negociar, fez ‘doce’ para valorizar seu passe e se deu bem. Isso na esfera pessoal, porque politicamente foi um desastre para quaisquer planos tucanos futuros de voar mais alto, se é que os tinha. Mas isso é o que pouco importa para um Peres em final de carreira.
Esse retorno onde foi criado, que é habitado por seres politicamente semelhantes a ele, nos faz recordar o noticiário que ele freqüentou alguns anos atrás, que o notabilizou, entre outras façanhas, como prefeito ‘sanguessuga’, daqueles que superfaturavam ambulâncias. Ou pelo caso da empregada terceirizada via Multiprof, lotada na Secretaria de Educação, que fazia serviço doméstico na casa dele. Não dá pra esquecer também da gestão do Peres ‘expert’ em educação que deixou o nosso ensino fundamental, segundo o IDEB, entre os piores do estado.
Estamos em ano de eleições majoritárias e ninguém precisa ser especialista para perceber que os três políticos mais conhecidos de Saquarema, após tantos erros primários, tem feito o possível para afundarem abraçadinhos no mesmo oceano.
Da mesma reunião promovida pelo deputado da qual o pessoal de Dalton Borges saiu jururu, Peres, adversário de ambos até ontem, se dobrou diante da mais recente oferta do deputado para vestir a camisa laranja. O ex-prefeito sai do ninho dos tucanos e foi se alojar no ninho peemedebistas. Vale tudo para tentar travar o garoto médico. Só falta saber se o povo vai deixar.

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