terça-feira, 24 de maio de 2011

COLUNA: NOS BASTIDORES DA POLÍTICA

A oposição em declínio
Marcelo Araújo

A oposição vive a ilusão de ser herdeira absoluta dos votos obtidos por Dalton Borges nas últimas eleições municipais. Fragmentada e muda poderá dar o quarto mandato ao PMDB.
O que explica a erosão político-partidária da oposição em Saquarema?
Reflexões mais profundas levariam à conclusão de que, sem enraizamento social, ela fragmentou-se. Mas há circunstâncias contingenciais.
Os adversários do PMDB ficaram sem o norte, dizem em coro. É mais grave, porém, do que isso.  Eles se desnortearam ao se apresentarem nas eleições tentando esconder o que deixaram de fazer.
 O retrato desse amedrontado comportamento foi exibido no decorrer das quatro últimas campanhas municipais.
Como opositores, são muitas as quimeras. Eles agora prenunciam uma “ditadura partidária” do PMDB.
Essa nova tentativa de aterrorizar a sociedade entra, no entanto, em contradição com o devaneio de que são da oposição, ou ainda melhor, significam rejeição a Franciane Melo (foi com esse nome que se elegeu), mais de 23 mil votos obtidos pelo candidato Dalton Borges. Isso equivale a mais de 50% dos votos válidos.
Essa teoria trava uma briga de morte com os fatos. A teoria morre no fim.
Os eleitores não são cativos dos candidatos. Nem dos que ganham nem dos que perdem. Aqueles 23 mil votos ainda estão colados no candidato vencedor-impugnado?
Números de pesquisa respondem que não. Ao se manifestarem pela aprovação do governo e pela confiança que depositam em Franciane eles dão sinais de que se desgarram da oposição. Isso não significa, entretanto, que tenham trocado de lado. Franciane parece ter cooptado uma parte substancial dos eleitores que declararam ter votado em Dalton. Ou seja, parece estar se esvaindo aquele estoque de votos que os oposicionistas acreditam cativo.
O que diz parte da oposição.
Antonio Peres: Hoje, prega a união da oposição em torno de um único nome, que necessariamente não precisa ser o dele. Acredita também que sem a união total a oposição se dará o quarto mandato ao PMDB.
Thiago Cócaro: Talvez o mais coeso dos candidatos de oposição, não acredita em uma oposição tendo o ex-prefeito Peres envolvido nesse processo e prega a união de uma oposição mais autêntica.
Roger Gomes: Não quer estar perto e nem ouvir falar na maioria dos oposicionistas do município. Segundo ele, apenas Thiago Cócaro e Bruno Pinheiro merecem seu prestigio.
Pedro Ricardo: Pesa sobre os ombros do jovem vereador a falta da experiência além da conturbada administração de seu pai quando prefeito. Aquela época ficou marcada pelo “contracheque sem fundos” e outras mazelas. Procurado por esse colunista preferiu ficar mudo e não retornou o contato.
O pulo do gato. 
O ex-oposicionista Dalton Borges, impedido de disputar as próximas eleições municipais, optou por apoiar Franciane. Pura matemática. Se apoiasse qualquer candidato da oposição teoricamente teria que esperar mais oito anos para candidatar-se. Com Franciane, espera apenas quatro. O panorama só muda caso a atual prefeita desista de concorrer à reeleição como prometera em sua campanha eleitoral e no início do governo. A campanha já começou.

Nenhum comentário: