domingo, 13 de novembro de 2011

O presentão de "Cabral" para o presidente da Alerj
Governador viaja para Portugal, vice se interna em SPA. Deputado Paulo Melo (PMDB) assume o governo e aproveita para inaugurar obra da Cedae em seu principal reduto eleitoral.
Inaugurações são, para os políticos, o que o pódio é para os atletas – talvez até um pouco mais, se considerada a máxima de que “o importante é competir”, respeitada apenas no esporte. Na política, quando mais perto de uma disputa eleitoral, mais importante é inaugurar. O governador Sérgio Cabral e seu vice, Luis Fernando Pezão, prepararam um presentão para o ocupante do terceiro degrau na escala de ocupantes do Palácio Guanabara. Assim, na semana em que Cabral viajou a Portugal, Pezão se isolou em um SPA. E o presidente da Assembléia Legislativa do Rio, deputado Paulo Melo (PMDB), ficou livre para conduzir, em seu reduto eleitoral, o lançamento de uma obra de 8 milhões, para levar água a 12 mil pessoas em Saquarema.
Lançar obra não deveria estar no conjunto de inaugurações possíveis. Mas se não tem obra pronta, inaugure-se o canteiro, diz o manual da política brasileira. Oficialmente, a coincidência da viagem de Cabral a Lisboa, a internação de Pezão e o calendário de lançamento de Saquarema é obra do acaso. Mas, se é obra, cabe inauguração. Melo é um superaliado. Faz, no segundo mandato de Cabral, o que fez, nos primeiros quatro anos do governador, o ex-deputado Jorge Picciani, que não conseguiu vaga no Senado. Em Saquarema, Melo é rei.
“Meu maior prazer é poder voltar hoje a Jaconé, que foi onde comecei minha carreira política, trazendo algo tão importante como a água”, afirmou Paulo Melo, ciente de que, em terra seca, água vale ouro. O presidente da Cedae, a Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio, Wagner Victer, também esteve na inauguração, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento.
Bondes – Cabral foi a Lisboa numa espécie de inversão da viagem do colonizador homômino: apresentou a empresários portugueses oportunidades de investimento no Rio, num momento em que Portugal está interessada, mesmo, em ajuda financeira. Na agenda, um ato importante para o Rio de Janeiro: a assinatura do acordo de cooperação técnica da Carris com o governo do estado. A empresa administra, em Lisboa, um sistema de bondes parecido com o do Rio.
Pezão aproveitou a folga do patrão para cuidar da saúde. Tirou uma semana de licença para cuidar, por exemplo, de suas taxas de colesterol. Nas outras tentativas de se afastar do trabalho, não deu sorte. Em uma delas, em viagem à Itália, em junho, desembarcou no país de madrugada e, no mesmo dia, precisou voltar, pois o início das férias coincidiu com a queda do helicóptero que matou a namorada do filho do governador, na Bahia.
(Com reportagem de Cecília Ritto/ Revista VEJA)

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